Muitas vezes, a humildade lembra-me um saco que aos poucos vai ficando roto, começa por segurar as coisas grandes, pesadas, mas, com o uso e o esforço, acaba por deixar cair até as mais pequenas. Ser humilde implica muitos sacrifícios, uma luta permanente contra a vaidade e a presunção. Nem sempre sinto que esta luta seja honesta e digna. Primeiro porque a modéstia nem sempre é inata e espontânea, é muitas vezes um comportamento que aceitamos como socialmente correcto, mas que não responde a uma necessidade muito humana de enveredar pelo errado, pelo fútil (A futilidade é como os livros ou filmes light, não é para pensar, é precisamente para não o fazer, é um momento leve, livre e oco. A futilidade é terapeutica, recomendo-a vivamente, sem culpas, diversão sem intelectualidade, é esta a solução); segundo porque a humildade, quando não é travada, descai na subserviência e no servilismo e isso é indigno, mata a vontade, anula os desejos e perverte a moral.
A humildade só faz sentido quando se faz calada, sem alardes. Está no sorriso "onde arde um coração em melodia"(José Gomes Ferreira) , discreta e franca, o ruído desvirtua-a.
Às vezes sinto o meu saco todo rotinho, sobretudo quando fui humilde mas não o fui de facto, forçei-me ao politicamente correcto e cansei. Então, apetece-me logo ver uma comédia romântica, daquelas que têm um final imensamente feliz e, porque não, bem piegas!